Wednesday, June 29, 2005

Dilemas, dilemas, dilemas

Tudo é cíclico na vida. Não interessa como se fazem ou não as coisas, temos sempre a impressão de voltar ao mesmo ponto. Aquele ponto.

Viver longe de Portugal, numa sociedade que - mesmo após 10 anos - me continua a ser estranha, é um peso muito grande. Para mim, para a Zé e para a minha filha. Nenhum gosta de estar cá, mas não podemos sair daqui.

E nesta altura do ano, todos os anos, meço bem o que ando para aqui a fazer e qual a intenção disto tudo. E nesta altura do ano, todos os anos, chego à conclusão que não sei bem, mas a alternativa (voltar a Portugal) ainda não existe. Ou seja, vamos ficando por não poder voltar.

Este ano parece-me estar mais complicado, os alicerces sobre os quais se baseiam a nossa "aventura" pela Europa fora estão a tremer mais do que é costume. A situação económica do país onde vivemos não está nada famosa (recessão "oficial" desde a entrada no Euro), o poder de compra diminui a olhos vistos, a Zé (o grande alicerce disto tudo) está farta de trabalhar para idiotas que nem sequer sabem que é o Conselho de Ministros que lhes paga as contas (e não, como aquela besta pensa, a Comissão Europeia) e a Morgana, chegada que está à idade de ter vontade própria, começa a gostar - e muito - do que lhe é dado a ver da façon d'être portuguesa.

E eu, para não variar, estou a ficar farto destes tontos, que pensam ser liberais por terem legalizado o aborto e as drogas leves, mas não conseguem admitir os graves problemas sociais que têm por resolver há anos nem ver para além dos 100km que separam a capital dos países vizinhos. Em vez disso, seguem uma política que se assemelha em muito à cultura germânica de que nós é que somos bons, só aqui é que se trabalha bem, os povos do sul não sabem trabalhar, é tudo mañana, mañana.

Está na altura de me deixar de merdas e fazer alguma coisa. Voltar para Portugal para trabalhar outra vez para a IBM (ou outros do género) está fora de questão. Aqui podem ver porquê. Não me voltam a apanhar num "ministério" em que as promoções são atribuídas aos amigos e vizinhos, nunca aos que se esforçam - mesmo se um desses esforçados é responsável por 50% do cash flow (numa equipa de +/- 15 pessoas). A alternativa é então criar algo.

E já esteve mais longe, é tudo o que tenho a dizer por agora.

3 comments:

Sandra B. N. said...

Apesar de estar em Portugal, identifico-me com o que dizes. Dão-se voltas e mais voltas, e vai-se parar sempre às mesmas situações.
Mudar... há o medo de arriscar, a falta de oportunidade... E por outro lado o cansaço, a insatisfação, a vontade de se criar um projecto, de fazer melhor, de se trabalhar e ter-se a recompensa desse trabalho.
Não é fácil. Não é fácil aguentar a situação em que se está, nem arranjar a coragem de mudar... Though times.

Nuno said...

Está tudo dito: "nem arranjar a coragem de mudar".

Obrigado

Sandra B. N. said...

De nada. :)